quarta-feira, 1 de setembro de 2010

una carta

outrora louco
    um poeta sem livro
hoje em auto-análise
    um hermeneuta
...

qué se pasa, hermano?


ah, se todos tivessem, em cada lugar do mundo, uma varanda (uma janela, uma porta) onde se pode fumar e ver céus e construções e homens, pássaros, mulheres.


penso em escrever muitas coisas, mas a vida não deixa
tanto
ou muito.
tudo é escrevível, tudo é fotografável. e pede para que o seja (?
(ou eu peço ? ou me pediram
ah, você pediu. vos.

tudo parece ser escrevível, pelo menos até o momento em que um finalmente pára para escrever.

nunca tinha contado as 16 faixas, ainda que as atravesse todos os dias. estou quase na esquina da 9 de julho,
ao lado da avenue de mayo. donde de uno lado se ve la casa rosada
y del otro la torre del congreso de la nación. la Ciudad.
se caminho calmamente, não chego a atravessar as realmente 16 faixas antes que o sinal feche.
e fica o sinalzinho do pedestre piscando em vermelho. falta uma música do anton webern (melhor assim...).
esperar mais carros passarem todavia não me preocupa. há uma estátua do quixote, há o obelisco, há tudo.
e quando estou apressado, com hora marcada para encontrar as grandes cabeças femininas que
há muito estudam a literatura hispano-americana, sempre atravesso as faixas com a velocidade adequada
e sigo.

esse círculo impressionante que uma língua cria, para além de qualquer fronteira política.
ela
o
é.

andando pela 9 de julho à noite para comprar uma pizza de mussarela por 12 pesos com 50
fui abordado por um chico que queria la plata, la plata
toda aquela tensão, dei 40 pesos pra ele e saí fora. fui comer, tremendo de adrenalina, mas tranqüilo.
qualdo voltava, lá estava ele de novo, com sua chica, e me disse de longe: gracías!

o sol não está sorrindo, na verdade. mas tem olhos, boca, é muito gracioso.
vi uma em que o sol era bordado a ouro (quase, não sei, brilhava muito), era uma obra de arte.
o nacionalismo desse povo (ou dessa cidade) me faz achar ainda mais medíocre quando os brasileiros compram as banderinhas de plástico a cada quatro anos, para torcer pelo Brasil...
por acaso, voltando do Instituto de Literatura Hispano-Americana, estava uma manifestação
na Plaza de Mayo dos funcionários de uma empresa de internet que o governo está querendo fechar.
de repente, passa um coletivo com dezenas de bandeiras da Argentina tremulando, braços para fora.
e nunca soube para onde eles iam, porque não desceram ali...
a bandeira parece que realmente representa o povo e não o estado.
mas como podemos nós realmente, conscientemente usar, numa manifestação política, numa passeata,
uma bandeira que diz Ordem e Progresso...............................................

quando escrevi no post "bonzares" que ainda falam em crise aqui, como no Brasil do passado,
hoje isso me denuncia como demasiadamente aplacado pelos ventos de otimismo que ventam
em nossa pátria. o clima por aqui realmente não é esse, e as coisas são sérias.
os adolescentes tomam as escolas. a presidência vai de frente contra o Clarín, que é algo como a Globo.
aprovam o casamento gay, e agora já discutem a legalização do aborto.
e no Brasil, hein?
pensei que o Plínio fosse subir nas pesquisas, mas parece que ninguém quer saber de "igualdade social"...
o único jornal que comprei, falava do sucesso de Dilma no Brasil, da importância de seu cabeleireiro
na campanha...

enfim...

vou fazer barba e bigode, que já deve ter um mês que não faço, e dar um rolê. hoje tem um
rockelin club de artistas todos los miércoles de 22 a 04 hs "humano querido" después escenario abierto
entrada gratuita que vou tentar achar onde que é.

se vc tiver lido até o final, um grande abraço.

senão, um beijo.

d.

2 comentários:

  1. Pow, meu bem.. Fiquei formulando imagens com esse post..

    P.S.: Li até o final e li duas vezes! Por isso quero beijo e abraço..
    Tô chegando pra recebe-los..

    =*
    Mi corazón.

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  2. porra .. eh boludo! tempos novamonos, otimos de reflexões, quando estive por ai, me impressionaram também as incrições nas paredes, pichações politicas- ou melhor, de uma determinada politica, e também as pessoas nas ruas e nas praças a tarde..e a Quilmes de 1 litro e as fotos de maradona "principalmente aquela famosa em que el eesta com uma boina que tem uma estrela - sabe qual?
    que séa. a confusão vale quando os herois são sempre marginais ...

    abraços

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