quinta-feira, 24 de junho de 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

Luz, mais Luz!

Acabou a luz: Estamos na era da simultaneidade: estamos na era do perto e do longe, do lado a lado, do disperse. Estamos num momento em que nossa experiência do mundo é menos a de uma vida longa, que se desenvolve através do tempo, do que a de uma rede que liga pontos e faz intersecções com sua própria trama.

Um drama? Não, É trágico.
Hum grama? Sim, é lógico!

A sensibilidade crítica (crítica sensível) à espacialidade da vida social vê o mundo vital como algo criativamente localizado,
não apenas na construção histórica, mas na formação e reformação irrequietas das paisagens geográficas:
- O ser social está ativamente posicionado no espaço & no tempo.

Novas possibilidades estão sendo geradas, a parir, desse entrelaçamento criativo em uma dialética tríplice de espaço, tempo e ser social.
Busca-se virar pelo avesso a tapeçaria imponente, para expor em todo o seu osufnoc (confuso) emaranhamento, desprovido de qualquer glamour, os fios que compõem a próspera imagem que ela expõe ao mundo!

Quais são os limites de organização da linguagem (enquanto / sua relação) em seu objetivo de comunicar o sentido, ante a diversidade múltipla das formas de sentir pra si e um léxico compartilhado e transmitido através da linguagem? A comunicação se realiza, primeiramente, Entre nós e nós mesmos? Qual é a linguagem que comunica o “e eu morri”? ah, aquela aranha mora ali, no canto daquela parede, no alto daquela montanha! Os sentidos dados aos questionamentos atingem o dado a se interrogar? Atingem o interlocutor a ponto de interrogá-lo? Ou a imcompreensão tornou-se um modus operandi capaz de comunicar?

Que o verso seja qual uma chave/Que abra mil portas
E os olhos recriem tudo o que ouvem atentamente.
Inventem mundos novos/ independentes à palavra
Em pleno ciclo dos nervos/ como lembrança, nos museus
Vivem todas as coisas sob o sol/ em sua perfeita desarmonia
(distorcido de Huidobro – El Espejo da Água (1916))

Qual é a linguagem que usamos para nos comunicar com nós mesmos? É a forma como apreendemos o mundo sendo refletida por nós mesmos. É a capacidade de se julgar diante do “vir a ser” enquanto uma escolha de um “É, será”. Como compreender a novidade?

A experiência é anterior à consciência, ou são simutâneas?
Se só se vive algo uma vez, só se vive de uma determinada forma. Se vive a experiência, enquanto capacidade cognisciva; É essa a cosnciência e o sentimento de perda na transmutação dos sentidos em História.

O projeto do fim da subjetividade. Pupila de prismas saturada pelas imagens!

Qual a experiência sensível capaz de nos remeter a um processo histórico cujas descrições dos fatos cobriu-as de realidades objetivas tão intensas que sufocaram seu sentido íntimo.

Pensar-se consciente. Saber ser o que for compreender-se no agindo. Avante, o gerúndio do futuro existe. Eu estarei fazendo!

menino pássaro

- ele quer ser pássaro.

agarrou, a cada uma das mãos, uma pena. bateu suas minúsculas asas e voou.

viu nuvens, zepelins, acenou para pilotos de aviões. parou na nuvem mais branca, a que quando na terra, fazia desenhos de cavalos alados nela. e por horas brincou de fazer desenhos com as sombras das casas.

dormiu, acordou pássaro. e hoje, deve estar voando por fernando de noronha e brincando de fazer desenhos com as ondas do mar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

cito

Quantos véus necessitamos tirar da face do ser mais próximo  que nela foram postos pelas nossas reações casuais e por nossas posições fortuitas na vida , que nos parecia familiar, para que possamos ver-lhe a feição verdadeira e integral. A luta do artista por uma imagem definida da personagem é, em um grau considerável, uma luta dele consigo mesmo.

escreveu mikhail bakhtin.

[...]

Em torres muito remotas, muito altas,
com seteiras fora do comum,
vejo as corujas piscarem. Vejo
perfeitamente bem tudo isso,
mas o que importa e o que não importa, não faço idéia.
Como poderia adivinhar,
se tudo o que vejo
é tão nítido, tão necessário
e tão impenetrável?


Sem suspeitar de nada, absorto em meus negócios,
como nos dela aquela cidade,
ou como aquelas outras cidades
perdidas na distância e ainda mais azuis,
confundindo-se com outras aparições,
outras nuvens, legiões e monstros,
eu sigo vivendo. Vou-me embora.
Tudo isso eu vi, só
não vi a faca cravada em minhas costas.

escreveu hans magnus enzensberger.


{...}

e jander alcântara escreveu também, algo que não quis revelar,
mas eu encontrei escondido na âncora daqui:

o poeta perguntava aos céus onde de fato estaria a poesia. olhou em volta e viu-se imerso naquela pergunta. olhou o em torno. viu-se em torno. (em)tornou, se, de si. era a própria poesia.

{...}


ps: uma música (um som) novo.
um dub q produzi a partir de um sampler do black uhuru,
e que entorna-se quase techno. mais algo para as noites de suicídio aos ouvidos.
chama-se dub dum dub (ou uma breve história da m. eletrônica)
escutar/baixar: http://www.lastfm.com.br/music/d.gr../d.gr../

sexta-feira, 18 de junho de 2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010



Desceu às profundezas,
podia ver as raízes em sua plena existência
pois por plenitude entendia a compreensão do oculto.
Mas agora ele precisa de imagens.
Esqueceu-se que também é uma delas...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

do texto



na origem, o mundo foi inabarcável,
até que um número indefinido
de desregrados
fora embarcado
a fim de manter a liberdade serena dos que permanecem
e aceitam
con ter-se.

no convés, armas já munidas,
toneladas de carvão e papel
amontoadas como escravos.
tudo predisposição ao definhamento,
ao naufrágio,
ao autogenocídio,
à guilhotina surda,
ao excesso – mas o destino dos que afastamos
é
(um verso ausente e tudo).

ф, Ђ, ¤, Ŋ,
dentre outros velhos fetos crianças velhas ninfetas anjos
mulhereshomens
dispersos
outrora
e todavia agora
concentrados.

naquela noite escura
e clara,
todas as máquinas de moldar o que acontece
para aqueles que nunca estão onde acontece
e sentados se informam,
em posição:
os desregrados são transportados
direto de seus cárceres
recém-fundidos
para a nave.

temia-se uma rebelião, que não houve.
e nem os gritos, nem as injúrias ou as declarações indignadas
que as máquinas quiseram ter visto, para manipular, houveram.

o silêncio resiste a ser editado.
como derradeira declaração,
foi o susto sem fim
aos que não souberam
ir.

a notícia voltou-se contra si mesma,
e quando à nave empurravam da costa
o bafo quente daqueles que odeiam
e temem, à distância,
mais os ventos artificiais e próximos,
já os desregrados davam as costas,
contemplavam o mar e mesmo de terra usurpados,
eram felizes.

isentos da história
em que os quiseram instalar
como a um botão:
primeiros expulsos, origem deixando de ser;
eles dialogavam
entre si

Ђ       é sabido que o mar vigora
         mas sob obscuras
         condições.

¤        entre tanto, eu já gostava das grades, do ferro.

Ђ       morei em muitas casas que eram cárceres
         ainda que eu tivesse, e trago, todas as chaves.
         (aqui ele saca dos bolsos tantos chaveiros e cadeado
         e senhas enferrujadas, que fazem pender
         a embarcação)
         pensei que um dia eu fosse voltar
         a cada uma delas e lá estariam pai, mãe e irmãos,
         à idade da casa. assim eu teria infância e lembraria.
         mas hoje sei que não há regresso
         e me desfaço.

¤        suspeito que o mar pode ser
          uma casa
          muito grande.

ф se pôe nua
ou nu, divinamente
excitado ou excitada,
grita e canta a todos

ф       distanciemo-nos destas roupas de presos!
         lancemo-las à terra enquanto é tempo.
        
esqueçamos a serenidade!

somos totalmente outra coisa...

unida a leveza das roupas ao peso das chaves,
foi esta a última imagem que a máquina viu:
disparopedra ao que cerceia ou cobre ou trunca,
descobrimento muito mais
real ou
pleno.
e na nave fez-se a dança
como um dub de marvento e onda[i]
acompanhando o bordejar
donde embarcamos.







[i]        uma paisagem sonora por criar.

décio & lygia

quarta-feira, 9 de junho de 2010


respirem ...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

MEU CÉU

O céu da minha boca tem estrelas,
tão pequeneninhas,
que se fóssemos contar
daria infinito.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

meu sobrinho de cinco anos, pés pretos de correr da rua, pergunta o que é o infinito!
coço a cabeça impaciente e tento explicar que é o número de ondas no mar, os grãos de areia em que pisamos, as gotas da chuva que caem insistentes, etc.

- é o que não tem fim? (dá de ombros e vai brincar infinitamente)

terça-feira, 1 de junho de 2010

solo araña

Daquilo que tece,
vive A aranha.
Trança as tramas
dos fios da Palmeira.
Quando inspira, sente
destrança as entranhas
tecando os fios que
, geometricamente falando,
mentem uma conexão.
imagine: felizes os que ouvem a música das aranhas!