terça-feira, 13 de julho de 2010

sobre_posto

experimento. prévia. corpo. tela, rabiscos, carne, osso.


domingo, 11 de julho de 2010

divagaciones [irrfahrt]

1. Um cartaz pelas ruas: 


Menos morte nos jornais
e mais arte (mais vida) noticiada !


1.1. Ou serão os assassinatos as únicas obras cultuadas
(ou compreendidas) pelos jornalistas?
E quanto mais cruéis, mais valiosas e duráveis no mercado deles.


1.2. Se o cartaz fosse atendido,
talvez até mesmo os assassinos deixariam de matar,
já que não apareceriam mais na televisão.
Talvez eles virassem até artistas,
mesmo que fosse só pra aparecer.


1.3. Vice-versa, lembrei dos desenhos de Hitler.
Se a escola de belas artes alemã fosse mais compreensiva...















2. Depois de assistir ao filme indiano "Quem quer ser um milionário?",
fiquei feliz em descobrir que a Bollywood meteu a Hollywood
no bolso.


2.1. Como será o primeiro filme indiano 3D?















3. A década de 20 (para o século de cada um)
é aquela em que se costuma escolher um par.
[ou resignar-se à solidão (os escritores niestzcheanos a adoram...)]


3.1. Cada tentativa neste sentido, da escolha do par,
é todo um mar de carícias e confrontos.















4. Ler filosofia sempre me atiça. Sobretudo estas do século passado,
quando descobriram que a linguagem é um jogo.


4.1. Coube-lhes inventar modalidades:
o jogo da linguagem com ela mesma, para ver o que diz.
o jogo da linguagem desesperada, em fragmentos aporéticos e gritantes.
o jogo da linguagem inventando-se, para poder dizer.


4.2. Os filósofos tiveram então que abrir, de vez, a sua cidade
aos poetas. Aprender com eles invés de expulsá-los.






sexta-feira, 2 de julho de 2010

revide nº 1

pensando em revides, tanto para o "Luz, mais Luz!"
quanto para este "conto curtíssimo", lembrei de um texto
que rabisquei há pouco mais de cinco anos, e vou
republicá-lo aqui. depois voltarei para revidar de fato,
com palavras de agora, os dois textos, ou melhor, três,
porque contestarei também o meu próprio - pois
o problema que me vem agora é quanto à facilidade do silêncio, pois
o difícil talvez seja dizer mesmo algo /
compor.


& ... ou um veloz desejo de silêncio


Por Daniel Glaydson



A contemporaneidade é fragmentação, todo mundo sabe

Grosso modo, parece que desde a Antiguidade até hoje, a tendência incontrolável das coisas está em cada vez mais recortar o tempo. Fazia-se epopéias ; hoje um poema é uma palavra apenas. Fazia-se sinfonias ; hoje a música é a eterna repetição de um mesmíssimo minúsculo som. Demorava-se uma vida pintando uma capela ; hoje o objeto de arte já está pronto, basta modificar o olhar sobre ele. & etc, etc

Dizem que esse desapego às obras grandiosas está relacionado à percepção de que não há mais nada a ser dito. Será mesmo? Talvez seja muito mais a simples percepção do quão fragmentado tudo está. Mosaicado. O cotidiano, o não-cotidiano. Mosaicados. A cidade, enegrecida de asfaltos, assaltada de arranha-céus, é um berço que pare e aborta a fragmentação a cada milésimo de segundo, na velocidade sem vento de seus metrôs

Percepção então da fragmentação ou simplesmente de que nunca houve coisa alguma a ser dita. Fragmentação é igual a desespero ; desesperança

Desesperança que nos leva a pensar o presente ; presente que nos leva a pensar o hoje ; hoje que nos leva a pensar o instante ; instante que nos leva a pensar o homem – ponto de onde nunca devíamos ter saído. O instante nos traz a essência do homem, fragrância efêmera, porque afinal, escreveu poeta amigo enigmático, cada segundo é a eternidade doendo

...

A contemporaneidade é também intertextualidade, todo mundo sabe

Aqui sim, talvez haja uma grande influência do tudo já foi dito, ou não. E se for apenas uma vontade canibal (antropofágica?) de devorar o pouco que já se disse – e borbotá-lo de uma forma bem melhor ?

Esse bem melhor não sendo utopias de originalidade – nunca! Não temos nem utopias, muito menos de originalidade. Ser original é pretensão de modernos, de gente que acredita no futuro, no progresso do homem a partir da ciência, gente enfim que se dá com utopias

Tudo já deu errado muitas vezes. Tudo dá errado sempre. Então, conclusão óbvia: esquecemos o Tudo. Tudo é muita coisa. Contentamo-nos com pouco. Aliás, com cada vez menos. Buscamos o cada vez menos como único objetivo de vida. Por isso, ( bingô! ) : a fragmentação

Fragmentação que tenta recortar pedaços de papel que sequer são mais visíveis, de tanto já recortados & recortados & recortados & ...

O fim disso tudo é conseguir uma obra de arte que seja Silêncio

Não é um quadro em branco, um livro em branco, uma música em branco, enfim, pois seria apenas um quadro um livro uma música, em brancos – nada mais.

O Silêncio é mais que isso, quer dizer, menos menos muito menos que isso. É algo assim que se eu soubesse o que era ; silenciaria