domingo, 30 de maio de 2010

ins | pirações



nem de literatura vive o homem.

só?
é pouco?
é muito?
será suficiente?

e o quê será?

gritar pelo trompete.
violentar o teclado.
postar aqui.
e.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Estáticos e condenados
lembravam do terrível poeta (- ele também está aqui?)
assassinado, acusado de flagrar o inconsciente
em sua atitude perceptível:
- Como eram belos seus versos,
fazíanos recordar a natureza líquida do ar!

Quando a fome era tanta, que esqucíam o que se diz da satisfação de comer, empalideciam disfarçando-a:
- E não me venha com esses seus probrema de "barriga cheia".
E como o estômago adquiria a fisionomia de um pensar, alimentavam-se d eidéias e um pouco de café com farinha - pirão de "cachorro magro"; bom para quem já não se exalta ao estímulo do paladar.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

os dois, ou os três. todos, cessada a viagem, sentam-se à beira dum lago. microondas reverberam, dilatam-se e contraem os reflexos na água. contraem-se estômagos, dilatam-se as pupilas. silêncio ininteligível. entrearguiram-se se pela direita, se pela esquerda, se permaneceriam quietos, calados, imóveis. pausa atemporal. nem um, nem outra e nem a terceira. sentaram, caçaram carne virgem pra comer e deliciaram-se em banho de sol.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Estão todos ai?
sim, estão todos aqui!
Então, este é o único lugar que sobrou?
Sim, é o único habitado!
E os outros?
Não há outros, estão todos aqui!
Há quanto tempo?
Já não faz diferença, todos os tempos também estão aqui.
E como se faz para sair?
Sair de onde?
Daqui?
Não se sai, não se entra, cada um de nós é este lugar, sua borda e o seu centro, quando achar que saiu, você ainda estará nele, aqui a liberdade de um não é o limite da liberdade do próximo, mas a sua extensã. Se quiser pensar morfologicamente, em camadas, o limite superior de cada camada se extende até o limite superior que a sucede e o inferior até o inferior da que a precede, infinitamente, são como os 4 elefantes em cima da tartaruga, e depois vem outras tartarugas e depois outras tartarugas.
Então não há saída?
PORRA, mas você não entende mesmo né!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

do texto



Ђ       há um eu que não me deixa lembrar de si mesmo.

Ŋ       não seria de mim mesmo?

Ђ       há um eu que não me deixa lembrar de si.

Ŋ       não seria de mim?

Ђ       de você?

Ŋ       não! o teu eu não te deixa lembrar é de ti mesmo, por isso você deve dizer: mim mesmo.

Ђ       ele não está aqui, agora.

Ŋ       você está aqui.

Ђ       mas eu vou lembrar disto.

Ŋ       por quanto tempo?

ondas fortíssimas.

Ђ       só sei que tudo quer ser
         mão para tocar,
         mas não é minha mão
         então eu jogo, eu lanço,
         e fere.

Ŋ       tudo pode ser
          mão assim.
          você é um perigo para a sociedade.

Ђ       talvez por isso tenham me embarcado. e a você.

Ŋ       mas a sociedade veio conosco.

Ђ       sim, é verdade.

Ŋ       nós.

Ђ       nós.